Ouvia, quase em silêncio, a senhora gorda de cabelos brancos, sentada ao meu lado na poltrona do coletivo. Limitava-me a um simples aceno de cabeça entre uma respiração e outra. Pensava como tinha fôlego e assunto pra falar sem parar. Às vezes, por uma questão de educação, esticava a minha boca como se eu estivesse sorrindo pra ela. Uma técnica aprendida desde cedo, ainda na escola. Ao descer do coletivo sorri de verdade um sorriso de alívio. Olhei para cima e não vi nada além de concreto armado. Abaixei a cabeça e sorri um sorriso de angustia. De angustia...
Sou um felino doméstico. Vagabundo ou não, ando por aí.
Adoro muros e telhados alheios.
Namoro de madrugada – a lua e a gata.
Faço poesia e muita prosa.
Sou cinzento na cor e colorido na alma.
16/07/2016
Estranheza
Ouvia, quase em silêncio, a senhora gorda de cabelos brancos, sentada ao meu lado na poltrona do coletivo. Limitava-me a um simples aceno de cabeça entre uma respiração e outra. Pensava como tinha fôlego e assunto pra falar sem parar. Às vezes, por uma questão de educação, esticava a minha boca como se eu estivesse sorrindo pra ela. Uma técnica aprendida desde cedo, ainda na escola. Ao descer do coletivo sorri de verdade um sorriso de alívio. Olhei para cima e não vi nada além de concreto armado. Abaixei a cabeça e sorri um sorriso de angustia. De angustia...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
O cenário causa estranheza aos olhos acostumados com o verde das campinas onde se respira com magia a doce poesia. Bela prosa em palavras soberbas que lhe trouxe aos lábios um sorriso de angústia
Venho agradecer o carinho e deixar um afetuoso abraço
Vou dar uma pausa nos blogs para curtir o recesso escolar
Volto em breve! Até a volta!
Beijokas doces no coração
Texto poético, amigo. Bela maneira de descrever a "selva de pedra" em que se transforam, esteticamente, as megalópoles modernas
Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma ótima semana.
Postar um comentário