Sou um felino doméstico. Vagabundo ou não, ando por aí.
Adoro muros e telhados alheios.
Namoro de madrugada – a lua e a gata.
Faço poesia e muita prosa.
Sou cinzento na cor e colorido na alma.

12/06/2018

certeza


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Não sei até quando terei fome e sede desse amor de nós dois.
 Não sei até quando, meu amor, eu perdoarei os seus deslizes. Até quando aguentarei as ofensas sórdidas de um ciúme hipócrita de uma posse pequena. Não sei até quando, meu amor, o meu amor aguentará suas maldades, seus desleixos, sua incúria no trato. Não sei meu amor, até quando vale a pena esse desvario, essa loucura, esse contrato de amar.
Não sei até quando terei fome e sede desse amor de nós dois.
Por enquanto, vou levando, driblando, negaceando a verdade. Pois tudo que se quer nessa arte de amar é a paz, mesmo sabendo que sou a segunda via em sua vida, que o privilégio não é meu de acordar todas as manhãs ao seu lado, que tenho as sobras de um lar partido, dividido, desalojado em tardes frias.
Ah, meu amor, não sei até quando terei fome e sede de nós dois.

11/06/2018

Ritmo

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Apertei o play e de repente a casa foi ocupada pelas cordas de uma guitarra espanhola. Era Paco De Lucia.  Bailei só, como um toureiro à sombra do touro. Rodopiei com minha capa invisível e no término da música, já sem folego, restou-me o grito de olé! E do outro lado da janela estava ela, espiando-me com um sorriso de surpresa. Apertei o off e de repente as cortinas se fecharam e o silêncio voltou a enfeitar o meu lar.